terça-feira, 15 de novembro de 2022

A Psicologia da Culpa e a Transfiguração e Eternalização de tudo que cessa

A Igreja Puritana Reformada, no primeiro Classis ou Presbitério organizado no século XXI, após as amargas perseguições e lutas do século XX, foi denominada Igreja Kalleyana, em referência a Robert Reid Kalley, o médico dançarino de Kilmarnock. Kalley era um gentil humanista que, embora recusado para o ministério da Igreja Estatal da Escócia, permaneceu humilde membro da instituição. Ele se identificava como puritano, mas não conforme o estereótipo estadunidense, país duramente criticado por Kalley como o "maior ofensor de tudo o que se pode chamar liberdade". Na Grã-Bretanha, entre literatos e teólogos, os puritanos eram vistos como progressistas e revolucionários, como descreveu C.S. Lewis em seu livro "The Pilgrim's Regress", observando que "Os puritanos, cujo nome é agora aplicado a qualquer um que odeie a alegria e o riso, eram na verdade os mais modernos e radicais de todos os homens." Essa citação ressalta a visão de Lewis, compartilhada pelos humanistas teólogos da época, sobre os puritanos como agentes de mudança social e religiosa, buscando uma transformação profunda na sociedade e na fé. Além disso, a Reforma Protestante, com sua ênfase na liberdade individual e interpretação pessoal da Bíblia, desempenhou um papel significativo na promoção de ideias associadas ao humanismo e ao liberalismo, desafiando o conservadorismo da época. A Igreja Puritana desde sua primeira encarnação sob um jovem Reverendo membro do Partido Social-Trabalhista na Baixada Fluminense, antes ainda da fase "Kalleyana", era progressista em ideias, embora encantada pela mesma misteriosa e majestosa aura que mantém a Monarquia viva na Grã-Bretanha, uma bela contradição genuinamente escocesa e estranhamente brasileira.

Com profunda tristeza e pesar, a Igreja Puritana Reformada foi progressivamente infiltrada e dominada por uma seita estadunidense denominada "Covenanted Church", culminando em uma completa mudança de poder em 2022 e, consequentemente, levada à desintegração com a partida do Reverendo Ademir Albino Moreira Filho. Quando decidiu desligar-se da Igreja, o Reverendo, como um capitão que pula no bote salva-vidas primeiro em vez de afundar com o navio, rompeu o último elo de uma cadeia histórica de ordenações que remontava até John Knox e, dizem, até São João Apóstolo; rompeu uma cadeia acadêmica deixando as ovelhas entregues a lobos analfabetos e cruéis que se fizeram de líderes. Pagou o preço de se tornar alvo de uma campanha organizada e premeditada de calúnias, o fair gaming das seitas ao estilo da Cientologia.

Com a reputacão atacada e tendo sofrido também ataques físicos por membros da seita, que foram posteriormente presos, o Reverendo Ademir Albino Moreira Filho retirou-se da vida pública para um obscuro anonimato. Quando inquirido a respeito dos acontecimentos em uma entrevista acadêmica em Glastonbury, tudo que o Reverendo disse foi: "Não me chamem mais de Reverendo. Sigo sendo professor, neoplatonista, anarco-pacifista e humanista como sempre! Não sei como podem dizer que os surpreendi com minhas posições liberais e anti-violência, quando ensino as mesmas coisas há tantos anos. Com minha consciência em paz e meu coração triste sigo, tendo saudades de pessoas que ainda estão à mercê dos grupos que deixei. Muitos são vítimas, não sabem o que estão fazendo. A traição foi dolorosa, no momento só desejo viver em paz e seguir o que vier desde o Alto para minha alma." Tal desfecho, amargo e angustiante, marca o fim de uma longa trajetória de fé e comprometimento. Atualmente o Reverendo vive fora do Brasil, dando palestras sobre Thomas Vaughan, Pierre Viret, Van de Toorn, John Wilkins e Joseph Glanvill.

A influência da "Covenanted Church", juntamente com o movimento Steelite e o Neo-Confederacionismo, revela uma preocupante sinergia entre ideologias extremistas e o cristianismo, abraçando um credo permeado por racismo, intolerância e misoginia. Estes valores distorcidos e prejudiciais destoam profundamente dos princípios defendidos pelos notáveis líderes da Igreja Puritana Reformada, como os Reverendos Robert Reid Kalley, Philadelpho, Elmir Oliveira e Ademir Albino Moreira, cujo legado é marcado por uma busca incansável pela justiça, compaixão e tolerância. É inadmissível que os nomes Igreja Puritana e Igreja Kalleyana sejam manchados por uma associação que nunca existiu entre elas e essas seitas. A saída do Reverendo Ademir Moreira e a prisão dos homens que o atacaram não têm nenhuma ligação com o que a Igreja Puritana e Kalleyana representavam. A partida do Reverendo Ademir não significa que a Igreja não era humanista e pacifista como ele, e os ataques que ele sofreu não significam que a Igreja seja violenta como os Steelites. A Igreja Puritana era universalista, indenominacional e pacífica até a entrada dos Presbiterianos Reformados que vieram dos EUA e o crescimento dos grupos que se identificaram com os mesmos.

Assim como outros grupos considerados seita pelo BITE Model, os "Covenanters" ou "Presbiterianos Reformados" do século XX e XXI se envolvem em práticas de controle mental e perseguição daqueles que ousam desvincular-se de suas fileiras, seguindo um padrão reminiscente do "fair game" da Cientologia. Este triste desdobramento não apenas mancha a reputação da Igreja Puritana Reformada, mas também difama o Instituto Malleus Dei e compromete a nobre obra legada aos seus líderes atravessando os séculos. Muito foi feito para difamar o Reverendo Elmir, muito foi feito para difamar o Reverendo Spurgeon e muito tem sido feito para difamar o Reverendo Ademir Moreira. Com tudo isso, quem sofreu foi o Evangelho, e o nome da Reforma e do Puritanismo.

Neste cenário sombrio, surge a necessidade premente de uma reflexão profunda sobre os rumos da fé e da comunidade religiosa, almejando resgatar os verdadeiros princípios de amor, paz e igualdade que deveriam nortear o caminho espiritual. Que este episódio doloroso sirva como um chamado à vigilância e à busca incessante pela verdadeira luz que guia os corações em direção à justiça e à compaixão.


A Igreja Puritana Reformada morreu. O Reverendo Ademir Moreira desapareceu com ela. Lamentavelmente, o Reverendo Elmir Junior veio a falecer em decorrência das calúnias que sofrera, alvo da white evangelical agenda tanto quanto hoje o professor Ademir Albino Moreira o foi. Mas tudo o que se perde encontra uma forma de voltar para nós. Tudo o que cessa se torna Eterno.

A noção da transfiguração e eternalização de tudo que cessa é um tema recorrente em diversas tradições filosóficas e metafísicas, o qual aborda profundamente a natureza do tempo, da mudança e da eternidade. Ao longo da história da filosofia, pensadores têm explorado essa ideia, buscando compreender a relação entre a finitude das coisas e a possibilidade de sua continuidade além do momento aparente de término.

Em muitas tradições espirituais, como o hinduísmo e o budismo, encontramos concepções que ressaltam a impermanência de todas as coisas e a crença na transmigração das almas ou na reencarnação. Nesse contexto, pensadores como Gautama Buda e Schopenhauer enfatizaram a ilusão da individualidade e a interdependência de todos os fenômenos, sugerindo que, embora as formas específicas possam cessar, a essência subjacente continua a existir em uma forma transformada.

No âmbito da filosofia ocidental, Platão explorou a ideia das Formas eternas, argumentando que as coisas deste mundo são apenas sombras imperfeitas de realidades eternas e imutáveis. Da mesma forma, Aristóteles discutiu a noção de substância e acidente, sugerindo que o que é essencialmente real pode transcender sua manifestação material.

Além disso, pensadores contemporâneos como Martin Heidegger e Gilles Deleuze contribuíram para essa discussão, abordando a temporalidade e a multiplicidade de maneiras complexas. Heidegger, em sua obra "Ser e Tempo", investiga a natureza do ser e sua relação com o tempo, enquanto Deleuze, em "Diferença e Repetição", explora as noções de repetição e diferença como elementos fundamentais da realidade.

Em suma, a noção da transfiguração e eternalização de tudo que cessa representa um convite à reflexão sobre a natureza última da realidade e o papel do tempo em nossa compreensão do mundo. Ao considerar as contribuições de filósofos ao longo da história, somos instigados a questionar nossas concepções convencionais de tempo e mudança, explorando as possibilidades de uma compreensão mais ampla e profunda da existência.

Na Ilha da Madeira, Robert Reid Kalley foi traído. Ele foi alvo de intensa perseguição devido às suas atividades missionárias e à sua pregação do protestantismo na Ilha da Madeira, que era predominantemente católica na época. Ele enfrentou oposição tanto das autoridades locais quanto da Igreja Católica, que viam suas atividades como uma ameaça à religião dominante. No entanto, Kalley utilizava uma Bíblia autorizada pela Igreja de Roma e não ensinava nenhum dogma protestante. No entanto, Kalley e sua família foram expulsos da ilha em meio a tumultos e hostilidades. No Rio de Janeiro, o conflito fervilhante entre Robert Reid Kalley e Ashbel Green Simonton foi mais do que uma disputa teológica, foi uma batalha pela alma do evangelismo no Brasil. Enquanto Kalley, com sua visão liberal e compromisso com a liberdade de pensamento, buscava estabelecer uma missão inclusiva e aberta, Simonton, com seu conservadorismo inflexível, traiu os ideais da verdadeira missão cristã ao criar uma divisão separatista. Ao erguer suas próprias barreiras e fundar sua missão presbiteriana no Rio de Janeiro em 1859, Simonton não só desafiou o legado de Kalley, mas também revelou sua própria intolerância e desejo de dominação na arena religiosa. Estes confrontos ecoam como um lembrete sombrio das consequências da rigidez doutrinária e da ambição desmedida na disseminação do evangelho.

Ecoam e ecoaram sobre o Reverendo Spurgeon, que foi acusado de tantos crimes quanto possível e até responsabilizado pelas mortes no falso incêndio no Palácio de Cristal. Ecoam e ecoaram sobre o Reverendo Elmir, que foi expulso e perseguido durante toda sua vida até a exaustão de seu corpo. Perseguido exatamente por seus colegas pastores e missionários, por seus alunos, diáconos e presbíteros, e até por sua própria família. Ecoam e ecoaram sobre o Reverendo Ademir. E continuam ocorrendo enquanto estes ecos falarem mais alto do que a lógica, a razão e o amor. A cada conflito, somos nós, pessoas simples e comuns que dependíamos da generosidade destes homens, não só a generosidade espiritual, mas também a ajuda comum, diária e material, que perdemos.

E ficamos órfãos. Enquanto os autonomeados líderes, cheios de malícia, se orgulham de terem "limpado a casa", se livrando de mais um ímpio. Se Kalley, Bunyan, Elmir e Spurgeon foram expulsos do seu meio, penso que este não é um meio em que nenhum de nós deveria permanecer.

A psicologia da culpa desempenha um papel significativo na dinâmica destes grupos e seitas de alto-controle, especialmente quando se trata de movimentos religiosos ou ideológicos extremistas. Thomas Kuhn, em sua obra seminal "A Estrutura das Revoluções Científicas", destacou como os paradigmas dominantes em determinadas comunidades científicas moldam não apenas a maneira como os cientistas veem o mundo, mas também como lidam com aqueles que desafiam ou questionam esses paradigmas. Da mesma forma, nos grupos religiosos ou ideológicos extremistas, a culpa é frequentemente manipulada para manter a coesão interna e reprimir dissidências.

Os líderes desses grupos muitas vezes exploram a psicologia da culpa para manter o controle sobre os membros, criando uma atmosfera de medo e submissão. Aqueles que questionam as crenças ou a autoridade são frequentemente rotulados como traidores ou pecadores, sendo culpabilizados por qualquer discordância ou divergência. Essa dinâmica de culpa pode levar os membros a se sentirem presos em um ciclo de autocondenação, alimentando um ambiente de conformidade e reforçando a lealdade ao grupo.

Além disso, a culpa pode ser usada como uma ferramenta de manipulação emocional para manter os membros engajados em práticas ou crenças prejudiciais. Ao internalizarem a culpa por qualquer dúvida ou questionamento, os membros são menos propensos a desafiar as normas estabelecidas ou a buscar informações externas que possam contradizer a ideologia do grupo. Isso perpetua a coesão e o controle do grupo sobre seus seguidores, mesmo quando suas crenças ou práticas são moralmente questionáveis.

Nesse contexto, o caso da Igreja Puritana Reformada, sendo infiltrada pela seita "Covenanted Church", ilustra vividamente como a manipulação da culpa e o controle mental podem levar a uma desintegração e distorção dos valores fundamentais de uma comunidade religiosa ao longo do tempo. O desafio, então, é reconhecer e resistir a essas dinâmicas de culpa, promovendo uma cultura de questionamento saudável e autonomia individual dentro dos grupos. O BITE Model, uma ferramenta analítica desenvolvida para identificar controle comportamental, informação, pensamento e emocional, é crucial na identificação de seitas. Mesmo igrejas inicialmente liberais, universalistas e pacifistas podem se tornar seitas por meio de infiltração, como evidenciado pelas tragédias enfrentadas por Kalley, Bunyan, Elmir e Spurgeon. A manipulação do pensamento, a restrição de informações e o controle emocional podem gradualmente transformar uma comunidade religiosa em um ambiente sectário. A calúnia e a difamação emergem como armas poderosas usadas pelas seitas contra dissidentes e aqueles que escolhem sair, servindo para silenciar e intimidar qualquer um que ouse desafiar a autoridade estabelecida. Portanto, a conscientização sobre tais táticas e o uso do BITE Model são essenciais para proteger indivíduos e comunidades vulneráveis contra a manipulação sectária.

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segunda-feira, 11 de abril de 2022

A Diversidade de Interpretações na Bíblia: Uma Perspectiva Acadêmica

A Diversidade de Interpretações na Bíblia: Uma Perspectiva Acadêmica
baseado em "Hermenêutica e Linguagem Natural", texto de conclusão de Pós-Graduação do Prof. Ademir Albino Moreira Filho

Introdução

A Bíblia, como texto sagrado de várias religiões, é reconhecida por sua complexidade e diversidade. Grupos dos mais diversos, completamente conflitantes apelam para esta mesma fonte como sua "regra sobre todas as regras". Uma das razões para essa diversidade é o fato de que a Bíblia ter sido composta ao longo de séculos por diferentes autores e em diferentes contextos históricos e culturais. Mesmo ao supor um poder Divino sobre todos estes autores, este poder, mesmo que os reduza a meros amanuenses, sobre o que nem todos concordam, ainda se percebe claramente a humanidade e individualidade destes autores, resultando em um incongruente, pela individualidade, conjunto que se harmoniza fora do Tempo ou Formalmente apenas, constituindo um desrespeito ao texto, historicidade, hermenêutica, aos autores e qualquer fonte Divina a tentativa de ler tal biblioteca escrita, editada, colada e colecionada por diferentes pessoas como se fosse um livro univocal.


1. Fontes e Autores Diversos

A Bíblia é composta por uma variedade de gêneros literários e foi escrita por diversos autores, muitos dos quais são desconhecidos. Ela foi colada, colecionada, editada e traduzida. Qualquer poder supra ou preter natural envolvido neste processo decidiu que as marcas do mesmo seriam abundantes e claras, contituindo portanto parte da mensagem em si. Um exemplo que é amplamente aceito pelos estudiosos, seria que a Torah contém diferentes fontes, como: o Javista, o Eloísta, o Deuteronomista e o Código Sacerdotal. Essas fontes frequentemente apresentam narrativas e pontos de vista distintos, resultando em uma obra que não expressa uma única e contínua ideia. Esta ideia, surge pelas marcas presentes no texto em si, e ainda que se possa hipotetizar outras origens para a descontinuidade, o que se deve notar é que a descontinuidade permanece independente de como é interpretada.


2. Interpretação como Negociação

Cada leitura da Bíblia é uma negociação com o texto, onde o leitor interage com os elementos culturais, históricos e linguísticos presentes. Esta negociação inevitavelmente resulta em uma variedade de interpretações. Como negar que o interpretador define o resultado de tal estudo, quando abundantemente percebemos que a falta de conhecimento ou pericia causa entendimentos falhos ao redor dos quais toda a facciosidade institucional se organiza?


3. Princípios Fundamentais sobre a Interpretação

É importante lembrar que, ao interpretar a Bíblia, certos princípios fundamentais devem ser considerados. Em primeiro lugar, os grandes princípios do amor ao próximo e da busca pela felicidade universal devem ser mais importantes na negociação com o texto do que a transliteração de todos os aspectos circunstanciais, anacrônicos ou culturais mencionados em cada passagem.


4. Diversidade de Ideias e Perspectivas

Autores como Jacques Derrida, Paul Ricœur, Orígenes e Martinho Lutero exploraram essa diversidade de ideias e perspectivas na Bíblia. Eles nos lembram que cada autor e cada texto bíblico reflete um contexto específico, uma visão de mundo e uma mensagem, e não há exigência de que todos os textos sejam lidos como concordantes entre si.

Em resumo, a riqueza da Bíblia reside em sua diversidade e complexidade. Reconhecer e respeitar essa diversidade é fundamental para uma interpretação significativa e relevante, que leve em conta tanto os aspectos históricos e culturais quanto os grandes princípios éticos e espirituais que permeiam o texto.

Esta diversidade de interpretações tem sido explorada por diversos autores ao longo do tempo, desde a Idade Média até os dias atuais.


1. Orígenes (c. 185–c. 254)


Um dos antecessores que abordou a multiplicidade de interpretações na Bíblia foi Orígenes, um dos mais importantes teólogos e exegetas da igreja primitiva. Ele defendeu a ideia de que a Bíblia continha significados simbólicos e alegóricos além do sentido literal, e que diferentes interpretações poderiam coexistir sem se contradizer.


2. Martinho Lutero (1483-1546)


No século XVI, Martinho Lutero, um dos líderes da Reforma Protestante, questionou a autoridade da igreja católica romana e defendeu o princípio da interpretação individual da Bíblia. Ele argumentou que cada pessoa deveria ser capaz de interpretar as Escrituras por si mesma, e que diferentes leitores poderiam chegar a interpretações diversas, porém válidas, guiados pelo Espírito Santo.


3. Jacques Derrida (1930-2004)


O filósofo francês Jacques Derrida introduziu o conceito de "diferença" na interpretação bíblica. Ele argumentou que a Bíblia é um texto que contém múltiplas vozes e significados, e que nenhum desses significados é definitivo ou autoritário. Derrida enfatizou a necessidade de reconhecer e respeitar a multiplicidade de interpretações.


4. Paul Ricœur (1913-2005)


O filósofo francês Paul Ricœur abordou a polissemia da Bíblia em sua obra "Interpretação e Ideologia". Ele argumentou que a Bíblia é um texto rico em símbolos e metáforas, e que sua interpretação é influenciada por diferentes contextos culturais, históricos e teológicos. Ricœur enfatizou a importância de uma abordagem hermenêutica que leve em conta essa diversidade de perspectivas.


Em resumo, autores como Orígenes, Martinho Lutero, Jacques Derrida e Paul Ricœur contribuíram significativamente para nossa compreensão da diversidade de interpretações na Bíblia. Eles nos lembram que a riqueza desse texto sagrado reside precisamente em sua capacidade de ser interpretado de múltiplas maneiras, refletindo assim a complexidade da experiência humana e da busca espiritual.





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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Princípios do Culto Cristão - Regulado e Restrito, Descente e com Ordem


1 Coríntios: 14. 40. "Mas faça-se tudo decentemente e com ordem."
Josué: 8. 30,31b. "Então Josué edificou um altar ao Senhor Deus de Israel, no monte Ebal, como Moisés, servo do Senhor, ordenara aos filhos de Israel, conforme o que está escrito no livro da lei de Moisés..."

O ato de adorar ao Senhor, publicamente, em solene convocação do Seu Povo e Igreja
, não é um ato meramente social e encerrado dentre as coisas que estão "sob o sol". Antes, "o Senhor está no Templo", habita Ele mesmo na reunião no Seu Povo e exibe ali, na pública convocação, para os olhos que já foram abertos pelo Espírito, coisas celestiais e maravilhosas que mesmo os Anjos anseiam contemplar (cf. Mt. 18:20; Jo. 20:19; At. 4:31; 1 Cor. 3:16; Ef. 2:19-22; Hb.12:22; 1 Pd. 1.12; 1 Cor. 11:10; Sl. 11:4; Sl. 29:9). A graça e misericórdia de nosso Senhor, para glória do Seu próprio Nome, deu a fiel Palavra aos Seus ministros e pregadores para levantarem-se, geração após geração, convocando todos que O amam e temem a aperceberem-se desta espiritual e sublime natureza do Culto, honrando o Nome do Senhor ali, quando recebem do pão da vida para vivificação de suas almas.
Mas, exatamente como procederemos para honrar o nome do Senhor e adorá-lO de uma forma agradável a Ele, nosso amado Rei e Salvador? O que tem os Seus mandamentos e os guarda, com misericórdia e justiça, será amado pelo Senhor; o que confessa a Cristo Jesus, e não nega que o Senhor veio em carne ao mundo para, sendo em tudo perfeito, dar sua vida para nos salvar, o Justo pelos injustos, conhece a Verdade.
Porém, como guardar os mandamentos do Senhor e confessá-lO no Culto? Fazendo e ensinando tudo conforme a Palavra do Senhor, o Livro da sua Lei, a Escritura Sagrada estabelece. A Escritura ordena que o Culto deve ser ordeiro, bem organizado, solene e cheio de reverência; vivo e impressionante, não pelo que os homens podem fazer, mas pelo poder de Deus e pela Sua Palavra. Não é lícito introduzir no Culto o que visa agradar aos homens, ou artificialmente movê-los e afetá-los nas suas afeições carnais. Não nos admoesta a isto o Apóstolo Paulo no décimo-quarto capítulo da Epístola aos Coríntios? O Apóstolo ali nos ensina que o conhecimento de Deus levando-nos a honrá-lO como Santo e Benigno, "de paz" e "de ordem", é determinante, restritivo, sobre o Culto - mais importante que os impulsos e desejos humanos, mesmo os de verdadeira origem no Espírito de Deus, que atuava sobre os Profetas. Prestar Culto ao Senhor usando de qualquer coisa que fuja às restrições impostas pela Sua Palavra é idolatria e desonra, vergonha e maldição. O que a Escritura comanda OBRIGATORIAMENTE deve nos bastar, porque a Escritura é suficiente para fazer o Cristão completamente apto para toda boa obra.
Portanto, não sejamos enganados pelo nosso vão coração. A cada prática que aprendemos e mantemos por mera tradição, levantemos inquirição: está assim na Escritura? Era assim que nosso Senhor e os apóstolos cultuavam e ensinaram aos discípulos subsequentes? Tudo o que Deus comandou, façamos; o que a imaginação humana inventa, rejeitemos. Confessemos ao nosso Senhor com nossos lábios e com um caminhar irrepreensível em todas as coisas, inclusive, claro, na administração e vida de Sua Igreja. Sejamos gratos que Ele, desde o século XIX, fez chegar a Igreja Puritana, pela herança da Reforma, este necessário Testemunho e ensino, que nos desperta zelo e amor pela Pureza do Culto ao Senhor, com estrito apelo às Escrituras; e oremos dia e noite para que o Senhor dê humildade e discernimento aos que se chamam pelo Seu Nome, iluminando mais e mais homens que anseiam pela Sua Glória somente, edificando Sua Igreja a contemplar a Cristo Jesus, em quem e por quem somente, na Justiça dEle e não por nada que haja em nós, nosso Culto é aceito por Deus. Eis que contemplando-O, com nossa alma movida de amores e a consciência cheia de vergonha, mui mais facilmente dobraremos nossa dura cerviz, para que Ele comande também sobre a forma, conteúdo e vigor espiritual de todo o Culto que rendemos em Seu Nome.

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quinta-feira, 18 de abril de 2013

Uma reflexão sobre nossas afeições - Parte Final


Quão benigno e misericordioso é o Senhor! Ele nos guiou em Sua Graça à esta aliança como Igrejas! Ele guia e preserva Seu Povo e faz todas as coisas para Sua Glória! Em toda parte desperta os corações de homens para que O temam e seja o Seu Nome conhecido em todas nações!
E agora nos chama e comissiona para levar adiante estas preciosas afeições, esta continuidade histórica da Sua Igreja, esta herança de uma Fé pura e simples, objetiva em conhecimento da Palavra mas experimental, emocional e operosa.
Para tal, a Igreja Puritana se esforça, sob a força que o Senhor somente nos pode dar, de modo a sermos fiéis depositários e despenseiros deste tesouro. Se esforça em orações - para recebermos do Senhor coragem e intrepidez, para que o Espírito do Senhor seja sempre em nosso meio, para que nossos pastores e mestres abram a boca com Verdade e tenham sabedoria e exatidão na medida da disciplina; em santificação pessoal - para sermos achados em constante arrependimento e sinceridade, andando longe de escândalos (e, quando estes vierem, que não subsistam), para sermos agradáveis ao coração do Senhor, andando com Deus, Povo Santo e cartas vivas do Evangelho; no ministério da Palavra, ardentemente desejando a pregação da vera Palavra, e, com temor, treinando, elegendo, chamando e ordenando, sob o Senhor, segundo Seu Governo, anciãos e vigias experimentados na Verdade, para Sua Casa; nas famílias da Aliança, para que a profissão de nossa Fé não seja uma mera religiosidade, que seja a sólida base em Cristo, sobre a qual fundamentamos todas nossas relações sociais e toda nossa forma de viver, e não só para educar as próximas gerações em uma moral Cristã, mas para educar os Filhos da Aliança no Temor do Senhor - não meros perpetuadores de uma tradição religiosa familiar, mas, sob a graça do Senhor, pedras vivas do Templo do Deus Vivo, poderosos em atos e palavras para perturbar o mundo na proclamação e experiência do Reino de Deus;
Compreendemos plenamente a grandeza deste chamado e comissão? Tememos e tremendos ante a glória do Senhor que se desvela aos nossos olhos impuros e com terrível e assombroso poder tem começado a se mostrar no Templo cuja pedras somos nós? Eis o peso do nosso dever, eis a obra de nossas vidas: responder com glória ao Senhor, proclamar com impetuosidade o momento de Sua visitação, estabelecer piedosas congregações em todo território nacional, pavimentado a estrada da Aliança e pacto nacional para nossos descendentes renderem este povo, língua e nação ao REI de toda a Terra. Tome cada um a sua Cruz, dê cada um a sua vida e somente assim teremos as mãos limpas do sangue desta geração - é o brado que ressonante nas almas dos que têm bebido da frescas águas que o Senhor fez correr no seio da Igreja Puritana!
Estas são um vislumbre de nossas afeições em Jesus Cristo, o desejado de nossos corações! Eis nossas esperanças, nas Promessas do Senhor, eis a fonte de nosso ímpeto, a certeza de que a Palavra do Senhor não voltará vazia, mas prosperará naquilo em que Ele a enviou; de que nosso chamado não é vão, mas certa é a grande obra do Senhor em seus Igreja, em todos os séculos, donde agora somos enxertados, por Sua graça. Nisto também descansamos: que todos quanto o Deus dos Exércitos, por meio de nossa proclamação chamar para nos adicionar, Ele mesmo fará firme em uma só disposição, mente, afeição e labor conosco em Cristo Jesus! Eis nosso convocação, eis nossa comissão, eis nossas afeições: tomar parte da aurora da Reforma nestas Terras, cada membro de nossas Igrejas segundo seu chamado e vocação, exercitando-se com todas as forças, toda a mente e toda vontade, segundo a Palavra de Deus, para obedecê-lO e, sob ardente e sincera oração, glorificar o Nome do Criador e Rei dos Céus e da Terra, nosso Senhor e amado Salvador!


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Uma reflexão sobre nossas afeições - Parte 2


Institucionalmente a Igreja Puritana é uma descendente da Segunda Reforma Protestante Escocesa, de um trabalho conjunto do Reverendo Robert Reid Kalley e do Reverendo William Hewitson, ambos membros da Igreja da Escócia no século XIX. Foram, ainda, preciosos ajudadores em nossos primeiros dias, os Reverendos: Charles Spurgeon, do Tabernáculo Metropolitano de Londres, e Robert McCheyne, também da Igreja Escocesa. Fora uma época de muitas batalhas e, embora muitos se afastassem da Verdade, aprouve a nosso Senhor nos sustentar e guiar em uma peregrinação de mais de cem anos, até a Igreja Puritana se reorganizar em 2008, especialmente pelo labor do Reverendo Elmir de Oliveira Júnior, e pela preciosa ajuda de irmãos e congregações de fora do Brasil - todos igualmente herdeiros da Grande Reforma Protestante e das posteriores Reformas Escocesa e Holandesa. Humilhamo-nos e exaltamos nosso Senhor que nesta longa e perigosa jornada, nos preservou no mais arraigado amor pela Verdade, e conservou na Igreja Puritana, a doutrina, a piedade e o culto nos mesmos bíblicos preceitos da Igreja Reformada nos séculos XVI e XVII, na mesma e única fé e prática da Universal Igreja de Cristo em todos os séculos. Assim, o coração dos que estão alistados sob a comunhão na Igreja Puritana Reformada, dotados da certeza de que permanecem na Fé Cristã Histórica e Bíblica, inclina-os a trabalharem diligentemente para que cada congregação da Igreja Puritana seja achada fiel, bíblica, Confessional, verdadeiramente Reformada e ortodoxa.
A Graça do Santo Espírito de Deus nos tem movido para compreendermos intelectualmente, experimentarmos em nossas afeições e praticarmos todo o conselho do Altíssimo, descansando em Cristo Jesus que nos faz, para além de nossos pecados, aceitos diante do Santo e Justo Deus. É uma religião de toda a alma, um interesse pleno de todo o ser aquilo que a Igreja Puritana Reformada recebeu do Senhor quanto ao Evangelho de Cristo. Nisto, ao definir estes profundos desejos de forma objetiva, podemos listar tais afeições ao Senhor e a Sua Verdade, na forma das seguintes aspirações, as quais, em oração, dedicamos, em Cristo Jesus, e em toda a Sua Graça e Misericórdia, diante do Deus Altíssimo.
A maior afeição e desejo da Igreja Puritana Reformada é a Glória de Deus. Descansamos na promessa de que esta glória ainda encherá toda a Terra; contemplamos o Majestoso e Altíssimo Deus, perfeito em todos os Seus caminhos, insondável em Sua mente, cuja vontade não pode ser resistida e cuja mão não pode ser detida. Ele, e somente Ele é digno de toda a glória e louvor, e toda a Criação existe apenas para glorificá-lO. Nele somos chamados a nos deleitarmos, reconciliando-nos com Ele pelo perdão de nossos pecados e pela Justiça que há em Cristo Jesus, gratuitamente, para todos que nEle crêem. A maior afeição e desejo da Igreja Puritana Reformada é a Glória de Deus – é glorificarmos ao Senhor em tudo o que fizermos, e fazer tudo para glorificá-lO. Clama na alma da Igreja Puritana: “Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas. Glória pois a Ele, Eternamente, Amém”.
Um subsequente anseio é consequência do primeiro – como saber se as almas nesta Igreja glorificam a Deus? É possível e só é possível sabê-lo pela Palavra de Deus. Eleva-se daí um brado que acende o espírito dos que na Igreja Puritana Reformada se unem: “Santifica-nos na Tua Palavra, porque a Tua Palavra é a Verdade”. A Palavra é a sólida base de tudo o que há na Igreja Reformada, de visão de mundo que esta corrobora, da sua teologia, da sua piedade, do seu culto e da pregação. Na Palavra contemplamos a nosso Senhor, Jesus Cristo, o Alfa e o Ômega, em quem encontramos reconciliação com Deus - Ele é o centro e a substância da Sagrada Escritura, de Gênesis ao Apocalipse. A Igreja Puritana anseia pela Glória de Deus, e contempla esta Glória em Cristo Jesus, por meio da Sagrada Escritura. Portanto também clama a alma da Igreja Puritana: “oh, quanto amo a Tua Lei! Quão doce são as tuas Palavras ao meu paladar! Mais do que o mel à minha boca.”
Desta outra afeição puritana todas seguem. Da Escritura aprendemos a amar a presença de Cristo e desejar a Sua visitação, pela Palavra recebemos a forma dos sinais visíveis da nossa espiritual união nEle, a visível manifestação do que Cristo invisivelmente opera em nós, através dos quais a presença do Seu Espírito se faz especial dentre o Povo, nos quais somos selados, nos quais somos nutridos, nos quais somos renovados pela Graça. A Igreja Puritana ama profundamente, portanto, os sacramentos e ordenanças da Aliança com o Senhor: o Batismo e a Ceia. Como o eunuco etíope, recebemos, cheios de júbilo, os Sacramentos do Senhor.
Quando da Ceia do Senhor o Apóstolo São Paulo diz: quem come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria destruição. É necessário examinar-se antes de tomar lugar à Mesa do Senhor. Mas, se desobedientemente andamos em nossos caminhos e não honramos o Santo Nome de Cristo, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo. Amando ao Senhor e a Seu Povo, a Igreja Puritana aprendeu dEle esta disciplina e encontra nisto outra grande afeição: a ordem e a disciplina no culto e na vida, zelando em tudo para que os que estão unidos como Igreja Puritana não sejam condenados com o mundo; mas, ainda que com sofrimento e dor, com repreensões e admoestações, com sanções e com auxílios, sejam amoldados a semelhança de Cristo Jesus, nosso Mestre e Senhor, o primogênito de um Povo Eleito, de uma Nação Santa.
Ao que clama em mais um brado a alma Puritana: Santidade ao Senhor! Servimos ao Majestosos Deus exaltado em Santidade, cuja Glória em Santidade é tão absoluta que nem os Santos Anjos O podem contemplar. É o poderoso Deus que diz: Anda na minha presença e sê perfeito. Oh, que grande é o desejo da Igreja Puritana Reformada por Santidade! Ser separado do mundo e dedicado ao Senhor, consagrado para Seu Serviço, oh que grande anseio por isto! Que grande afeição pela beleza da Santidade do Senhor que vislumbramos na glória excelsa das ordenanças do Evangelho, na pureza e simplicidade da Sua Igreja, no Seu doce e suave jugo, no poder da Sua Palavra! Quão glorioso nosso Senhor a reinar em Seu exaltado trono, cheio de toda Justiça e Retidão, perfeito em todos os seus caminhos, governando dos altos céus sobre Seu Povo e Reino.
E que grande ódio ao pecado há de ser encontrado no seio da Igreja Puritana! E que pesada convicção de erro, que doloroso arrependimento há de ser encontrado quando, pela pregação, pelo confronto com a Palavra, se é achado anátema. Ressoa então na alma do crente: "...tereis nojo em vós mesmos das vossas maldades e das vossas abominações" [Ezequiel. 36.31]. Há verdadeira e agradável quebrantamento e penitência em se abominar o pecado! E a isto nos conclama o Senhor - à um coração contrito! Não sentimos todos um asco natural pela podridão? Há homem são que deseje pôr-se à mesa para jantar, se nas travessas e pratos sobejam excrementos e cadáveres tomados de vermes? Há homem são que aspire ter seu corpo tomado de úlceras vertentes e inflamadas? Pois muitíssimo mais deve nossa alma se encher de nojo para com a podridão do pecado! Muitíssimo mais temos de ter ânsias e tremores ao contemplar as virulentas feridas que o mal causa em nossas consciências! Não se pode comer da mesa do Rei e da mesa dos porcos ao mesmo tempo! Não se pode ocupar um lugar nas bodas do Celestial Noivo e nas imundícies do monturo ao mesmo tempo! Oh, a que claras e firmes afeições Cristo nos chama: detestar a própria vida por amor a Ele! Detestar até a roupa manchada de pecado, lançar fora nossas vestes rotas e sujas, e receber dEle vestes novas e limpas.

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terça-feira, 12 de março de 2013

Uma reflexão sobre nossas afeições - Parte 1

Como um Povo Santo, chamados e santificados em Cristo Jesus, como parte deste Corpo mundial de congregações, assembléias e sociedades que forma a Igreja e Reino de Cristo, a Igreja Puritana Reformada, na união de seus membros, tem profundas afeições pela Verdade. E aqui a palavra "Verdade" foi colocada de modo a representdar a forma mais absoluta de seu significado - aquela que relaciona-se com o Ser de Deus, com a Natureza do Altíssimo, que se faz conhecido a nós pela Escritura, na forma do Evangelho, em Cristo Jesus


Estas afeições somam-se ao conhecimento da Verdade e ao desejo de vivê-la. Isto nos faz unirmo-nos como um Corpo Visível, congregações, uma aliança e comunhão de Igrejas- como Cristãos unidos, congregações unidas em um coração e mente –. manifestando a toda a vista a maravilhosa obra que Cristo Jesus opera naqueles cujo coração Ele tem tomado para Si. Em um mundo cujo chão é escorregadio, onde falta a firme base do conhecimento de Deus, a Igreja de Cristo permanece inabalável, possuidora de uma Eterna Verdade sobre Deus, o Universo criado por Ele e sobre os homens; especialmente sobre a Glória e a Majestade inenarráveis do Santo e Eterno Deus, em contraste com a miséria e desgraça que o pecado trouxe sobre a humanidade e sobre toda a Criação. Porém, como se derretem os montes ante a presença do Deus Vivo, o poder desta Verdade, de conflito em conflito e de glória em glória, fará ainda, mais uma vez, abalar ao mundo que a tem ignorado. 
A esta Verdade, e ao Reino do Filho de Deus, é que a Igreja Puritana Reformada, pelo Senhor mesmo, em Sua infinita Graça e Bondade, fora chamada. DEle, pela Sagrada Escritura, parte o mandato que pesa sobre esta Igreja, e sobre todas que portam o Seu maravilhoso Nome: o de ser o pilar e o estandarte da Verdade.

As afeições da Igreja Puritana Reformada são, assim, um dos frutos daquilo que o Espírito de Deus tem plantado nos corações daqueles que Ele tem chamado com o mesmo chamado que nós, para unirem-se conosco neste mesmo amor pela Verdade e no mesmo propósito de conhecer e servir ao Deus que é nossa Justiça e Salvação. É um chamado para Testemunhar de Cristo Jesus - loucura para os sábios e escândalo para os soberbos - para testemunhar do Deus Filho que, sendo Eterno e Santo, fez-se em semelhança da carne do pecado para, na carne, morrer em lugar dos muitos pecadores que Ele havia de salvar da condenação e atrair para Si. A Igreja Puritana Reformada, neste Testemunho de Cristo, é uma comunhão destes pecadores remidos.

E não só destes, mas uma união e comunhão na Verdade com a Igreja de Cristo manifesta na História, porquê o testemunho de Cristo que temos conosco nos foi legado por meio dos pastores e mestres que o Senhor Jesus comissionou ao Seu Povo, geração após geração, século após século. E quão grande responsabilidade pesa sobre todos que conosco foram chamados por Cristo neste mesmo propósito para entregar esta Verdade à presente e próxima gerações. E como se revira em nosso interior nossa alma por afeição à militância da Igreja, na História como Testemunhas e mártires em defesa da Verdade! Esta Igreja herda da continuidade histórica do Corpo de Cristo suas afeições e o dever do Testemunho da Verdade – há na Igreja Puritana um sensível espírito desta continuidade, uma palpável memória dos Pastores e Mestres que Cristo deu para Sua Universal Igreja no passado, desde os dias dos Apóstolos; uma continuidade da prática piedosa e da doutrina constantes da Verdade apostólica – que é a Verdade bíblica - para longe das tradições humanas e em direção à pureza e simplicidade da Palavra. Identificamos esta Verdade na doutrina e na prática do que foi chamado Grande Reforma Protestante no continente Europeu no século XVI, assim como na Segunda Reforma Protestante Escocesa e na Segunda Reforma Protestante Holandesa, ambas no século XVII. Estas Reformas, assim como outras nos séculos anteriores, legaram à Universal Igreja de Cristo um conjunto de credos e confissões: documentos que sistematizam e descrevem a Verdade da Escritura Sagrada. Estes credos e confissões são o produto da necessidade que a Igreja teve, e ainda tem, de confessar a afirmar publicamente a sua Fé; foram produzidas por pastores e mestres que devotaram suas vidas ao estudo da Bíblia e, iluminados pelo Santo Espírito de Deus, perscrutaram as mais remotas sendas da Palavra de Deus, trazendo para nós, de lá, tesouros do conhecimento de Deus. Contudo, estes documentos, ao mesmo tempo, não são obras de indivíduos isolados, de pensadores independentes – os credos e confissões foram apresentados a assembleias e sínodos da Igreja, sendo apresentados, discutidos e recebidos pelo Corpo. Sendo subordinados a Escritura e estando sob a autoridade dela, tais padrões, quando foram estipulados, traçaram com distinção e precisão os limites da ortodoxia – foram a Espada do Espírito nas mãos de hábeis combatentes para fazer calar os falsos profetas e perecer os falsos cristos. Estes credos e confissões, como súmulas da Sagrada Escritura, ajudam-nos a apreender a Verdade, defender a e compreendermos o que Deus requer do Seu Povo. Não é por mero conservadorismo que a Igreja Puritana Reformada recebe com fé credos e confissões como o Credo Apostólico, o Credo Niceno-Constantinoplano ou a Confissão de Westminster, mas porque, nas suas profundas afeições pela Verdade e no seu amor por Cristo, a Igreja Puritana vê nestes documentos a mais agradável e desejável expressão das doutrinas e práticas Cristãs reveladas por Deus, infalivelmente, nas Sagradas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento.

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